Moradores do Vale Verde desenvolvem projeto com crianças e adolescentes.
É comum encontrarmos narrativas que retratam as periferias apenas como territórios de carências e problemas. Sim, os desafios existem – e são muitos. Um dos maiores é a violação de direitos básicos por parte do Estado (Prefeitura, Governo do Estado e Federal), que falha em garantir espaços de convívio, lazer e oportunidades para crianças, adolescentes e famílias.
Na Zona Norte de Araraquara, o Residencial Vale Verde é um exemplo de localidade marcada por altos índices de vulnerabilidade social. Mas, por trás das estatísticas, há uma história de resistência e transformação. Lá, encontramos pessoas que dedicam suas vidas a construir alternativas para que a juventude da quebrada possa sonhar com novos horizontes.
No coração do Vale Verde, o Coletivo Cangaço Cultural surge como um farol. Diariamente, o projeto oferece aulas de artes marciais e capoeira, mas vai além: é um espaço de acolhimento, afeto e construção de cidadania para dezenas de crianças e adolescentes que, de outra forma, estariam à mercê das ruas.

À frente dessa iniciativa está Carlos Eduardo, o Du, serralheiro e praticante de muay thai desde 2010. “Tudo começou quando percebi que as crianças não tinham nada para fazer. Comprei um saco de pancada, comecei a treinar com meu filho, e os outros foram se aproximando. Em pouco tempo, já estava cheio de meninos e meninas participando. Muitos deixaram de ficar nas ruas naquele período”, relata.
Mais que golpes: lições para a vida
O projeto, mantido por doações e voluntários como Flávio Rodrigues (o Preto), ocupa um espaço cedido por um morador. “Nas aulas, ensinamos golpes e técnicas, mas o foco é trabalhar o autocontrole, a confiança, o respeito e a importância da educação. Queremos formar cidadãos, não apenas atletas”, explica Du.
A iniciativa é uma resposta urgente a realidades duras: muitas crianças do Vale Verde são vítimas de trabalho infantil, exploração sexual ou são cooptadas pelo tráfico. “Falta apoio do poder público. Muitos jovens aqui já começaram a trabalhar cedo, outros não têm família presente”, complementa.
Desafios e sonhos
Apesar do impacto, o projeto enfrenta obstáculos. Tudo é feito com recursos próprios: desde os lanches distribuídos até os passeios culturais. “Precisamos de mais estrutura, materiais e apoio para continuar”, destaca Du.
Mas, no Vale Verde, a esperança é nas crianças. “Aqui tem gente que sonha e acredita na mudança. Acreditamos nas crianças e na construção de um futuro melhor”, finaliza.
Conheça, apoie, faça parte! Saiba como colaborar com o trabalho do Coletivo Cangaço Cultural. Juntos, podemos transformar mais vidas. Você pode encontrar o projeto no Instagram: https://www.instagram.com/coletivocangacocultural


















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